Kelly Gularte e Rosana Siqueira
As amarras da maternidade e da maternagem na contemporaneidade brasileira
Publicado em 07 de maio de 2024.
A desconstrução da romantização da maternidade é importante para dirimir a
culpabilização de ser mãe, já que nesta função se exerce a beleza, a ternura, o
afeto, o medo e a solidão.
No Brasil, o censo demográfico de 2022 mostra que em média cada mulher tem 1,75 filhos, e as pesquisas do IBGE de 2022 demonstram que 53,3% das mulheres possuem trabalho remunerado.
Neste sentido, há amarras invisíveis impostas pela sacralização da maternidade que tensionam perspectivas de objetificação dos corpos das mulheres por uma construção social. Ser mãe é esquecer de si mesma, é priorizar o filho e todos os afazeres que compõem essa função exaustiva e inatingível.
A maternagem é o zelo, o cuidado e a proteção, o amor incondicional e a dedicação total aos filhos. Na sociedade contemporânea, a maternidade é a condição inerente e natural das mulheres, mas nem todas as mulheres querem esta função! Nem mesmo as que possuem filhos.
Com isso, questionamentos como: em qual lugar as identidades das mulheres estão alocadas? Como preencher essa lacuna na subjetividade feminina? E como ter voz diante das armadilhas impostas pela sociedade? São perguntas difíceis e complexas a serem respondidas, porém o diálogo e o acesso democrático à informação são os primeiros passos para a desconstrução de conceitos estruturais coletivos.
Os feminismos existentes são para darem conta de reparar e transformar em ação, todos estes processos que sempre colocaram as mulheres em posições inferiores.
As mulheres podem ocupar os lugares que desejarem, pois sabem inovar na reorganização dos espaços físicos, sociais, culturais, intelectuais e científicos.
Bonds of motherhood and maternaling in contemporaneity Brazilian
May 7, de 2024.
The deconstruction of the romanticization of motherhood is important to resolve the
guilt of being a mother, since in this function beauty, tenderness, affection, fear and
loneliness are exercised.
In Brazil, the 2022 Demographic Census shows that on average each woman has 1,75 children, and the 2022 IBGE surveys show that 53,3% of women have paid work.
In this sense, there are invisible ties imposed by the sacralization of motherhood that tension perspectives of objectification of women's bodies by a social construction. To be a mother is to forget one's own, to prioritize the child and all the things that make up this exhaustive and unattainable function.
Motherhood is zeal, care and protection, unconditional love and total dedication to children. In contemporary society, motherhood is the inherent and natural condition of women, but not all women want this function! Not even the ones with kids.
With this, questions such as: in what place are the identities of women allocated? How to fill this gap in female subjectivity? And how to have a voice in the face of the pitfalls imposed by society? These are difficult and complex questions to be answered, but dialogue and democratic access to information are the first steps for the deconstruction of collective structural concepts.
Existing feminisms are to realize and turn into action, all these processes that have always put women in lower positions.
Women can occupy the places they want, because they know how to innovate in the reorganization of physical, social, cultural, intellectual and scientific spaces.
Tradução: Kelly Gularte
Edição: Rosana Siqueira