Narrativa de Memória
Por Rosana Siqueira
Publicado em 15 de maio de 2024.
Por Rosana Siqueira
Publicado em 15 de maio de 2024.
Clarice é mulher negra, escritora, professora, pesquisadora, feminista. Faz uma narrativa em primeira pessoa e tem como marca a fluidez do texto.
A estreia de Clarice Fortunato, com a obra "Da vida nas ruas ao teto dos livros", publicado pela Pallas Editora, no ano de 2020 não poderia ser mais pontual. A produção conta a história da autora, que viveu nas ruas alguns anos junto com a mãe. Nessa trajetória, Clarice tem um sonho, o de frequentar a escola e ter uma vida digna.
O enredo trata das memórias de Clarice, desde a tenra infância, quando morava em uma fazenda com os irmãos, a mãe e o pai. Inevitavelmente acabou indo morar nas ruas de inúmeras cidades com a mãe, levando uma vida praticamente nômade.
Na história há violência física e psicológica, que adentram sua vida adulta. Primeiro, presenciando as agressões do pai contra a mãe, depois do padrasto contra a mãe, das pessoas nas ruas contra ambas, dos patrões que a exploravam, episódios de fome e outras vivências que comovem o leitor.
E apesar de tantas privações, Clarice tem êxito nos estudos e chega à universidade.
Nesse emocionante relato, muito bem composto e com as ideias ordenadas, fica difícil imaginar como uma criança teve o entendimento de conduzir a mãe cega, posteriormente, superar sua perda e estudar de forma autodidata.