Uma alma feliz num corpo solitário

Cristina Gallas

Publicado em 19/10/23

Na solidão de si mesmo

O que vêem os olhos fechados

Senão as minúcias da alma

Nas viagens do pensamento?

 

Na viagem de cada dia

O que busca a mente inquieta

Flanando na solitude

A estar tão só e tão plena?

 

Na reclusão do corpo

O que pode o corpo

Desanimado e atento

Deixando-se controlar pela tristeza?

 

Mas se isolado voluntariamente

A solidão é vazia

A solitude é alegria

E a escolha é o amor próprio


E na mistura disso

Tem um corpo que repousa

Numa mente que é inquieta

E questiona o que vê nas angústias e surpresas

 

E na mistura disso

A essência do movimento

Torna a viagem solitária

E viajar é preciso

A reconhecer a si mesmo

 

E lá se vão todos os dias

Desse corpo e dessa alma solitários e felizes.