Publicado em 3 de junho de 2023.

Dominique Franco

Poeta, contadora e ilustradora de 32 anos, nascida em Diadema/SP e criada em São Gonçalo/RJ. Graduada em ciências contábeis, pela UFF e pós-graduada pela Universidade Cândido Mendes. É autora do livro "Castelo de Cartas que Escrevi" e participou das coletâneas "Coletivo de Autoras Gonçalenses - Escritoras Vivas" e "Universo Poético - Coletânea". Faz parte do Coletivo Escritoras Vivas. É idealizadora e responsável pelo projeto Cul.Tur.Arte São Gonçalo. 


Castelo de Cartas que Escrevi pode ser adquirido em: 

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Projeto Cul.Tur.Arte São Gonçalo:

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Escritoras Vivas:

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Poema Sangrento



O sangue azul mancha vermelho

O do negro é invisível se derramado

Mas, se misturado com o do branco

É melhorado, mas desvaloriza

O sangue menstrual incomoda mais

Que o sangue que escorre do nariz

O único sangue valorizado na mulher

É o da primeira relação, o virginal

Esse agrega valor a todos, um prêmio

Mas aquele brother é sangue bom

O sangue indígena dá muito dinheiro

Ajuda no adubo da plantação

Lucrativo, silencioso na terra

Ao contrário do que a bíblia diz

Para aqueles que dela consomem

O sangue gay não serve pra doação

Pode salvar vidas, mas é estigmatizado

Tido como sujo, contaminado

O sangue doado pra alguns é pecado

Sangue só é bom com sofrimento

O sangue sagrado de Cristo

Que sangra água e chora sangue

Do cordeiro sem mácula da páscoa

Que morreu pra não morrerem

Naquela picanha mal passada

Daquela vida que você acha

Que vale menos que a humana

Nesse você bota até a boca

Lambe os dedos, raspa o prato

O sangue do bandido bom

O doce sabor da vingança

Um prato que se come frio

Com sabor quente e metálico

A felicidade é uma arma quente

Com sangue fervendo à queima roupa

Com a sentença de morte decretada

Sem julgamento e sem defesa

Não há sangue sofrido na redenção

Game of Thrones te entende bem

Magnético, Imagético, Magenta

E usa isso pra te usar, pra lucrar

Guerreiro macho tem sangue frio

Sangue vivo, espadão, barba e vinho

E putas pra comemorar o massacre

E uns estupros pra bater uma

Qual sangue que te choca?

Que te causa repulsa? Que te broxa?

Qual sangue te diverte? Que te faz vibrar?

Como o vermelho mais vibrante

Pra qual sangue você doaria teu sangue?

De qual aceitaria juntar ao teu

Por amor ou pra salvar tua vida?

Qual deles ferve o teu sangue?

Qual te dá sangue nos olhos?

Que sangue te sobe à cabeça?

Quem me Conhece Sabe


Quem me conhece sabe

Não o que eu sou de verdade

Sabe do meu personagem

Que simula humildade


Engraçado que meu lado

Humano não é humano

Mas, de ficção criado

Pra te fazer de otário


Desculpe a quem se ofendeu

A intenção era ferir mesmo mas

Que ninguém abrisse o bico

Pois sou amigo e não bandido


Sou de família, sou honrado

Destratar minoria não é pecado

Foi só uma brincadeira boba

Minoria fica chateada à toa


Tenho mãe, filha, esposa

Tenho antepassados negros

Tenho até amigo que é

Ninguém é perfeito, né?


Sou um cidadão cristão

Tenho Deus no coração

Posses, dinheiro no bolso

Tenho ao meu lado o povo


Quem me conhece? Quem sabe?

Se nem eu bem me conheço

Mas devo estar certo porque

Meus amigos apoiam meu jeito.